terça-feira, 31 de janeiro de 2023

O governo Bolsonaro é um governo MILITAR


 A tragédia indígena é militar
É preciso nomear o partido responsável pelo Brasil dos últimos anos
LEANDRO DEMORI
JAN 28
 
Bolsonaro não tinha um partido ou um grupo político organizado para 
tocar a máquina pública brasileira depois que foi eleito em 2018. 
O que fez? Usou as Forças Armadas como partido.

Quando se vence uma eleição, bem, é necessário... governar. 
A campanha fica pra trás e o dia a dia da máquina pública aparece na 
sua frente. 
Como nomear ministros, diretores de estatais, de agências reguladoras 
e todos os cargos que a administração de um país precisa pra FUNCIONAR?

Nas democracias do mundo todo, essa tarefa cabe aos partidos e seus 
quadros. É assim no Brasil, nos EUA, na França, no Japão. 
O que fez Bolsonaro? Sem partido nenhum, isolado na vida pública como 
sempre foi, o presidente eleito recorreu aos militares. Ministérios, estatais 
e agências foram ocupados por fardados.

O Tribunal de Contas da União identificou mais de 6 mil militares em postos 
civis no governo. Quase metade deles, identificou a Controladoria Geral da 
União, eram irregulares – "há militares que não poderiam estar exercendo 
a função civil e outros estavam mais tempo cedidos à administração pública 
do que a legislação permite. Há ainda aqueles que estavam recebendo mais 
do que deveriam, quase R$ 40 mil reais por mês".

Só em cargos comissionados era 2.673 militares em 2021. 
Com um detalhe: 2.075 são da ativa. Eles não fazem falta nas unidades 
militares que serve originalmente? Ao menos abre-se aqui um debate sobre 
a utilidade (ou inutilidade?) de usarmos impostos para manter esses empregos. 
Aparentemente, com o fim do governo Bolsonaro, não precisamos deles nos quartéis.

As principais estatais do Brasil foram comandadas, 
via de regra, também por militares: Infraero, Correios, Petrobras, Itaipu…

Na Funai, órgão que deveria ter evitado o holocausto indígena que vimos nas 
últimas semanas, dos 39 coordenadores regionais, 22 eram militares 
— apenas dois eram civis servidores de carreira. Como poderia dar certo? 
Bem, de certa forma, deu certo: em um áudio publicado pela agência de jornalismo 
O Joio e o Trigo, um coordenador da Funai prometeu liberar garimpo em terras indígenas.

Qual a conclusão de tudo isso? Simples: que o governo Bolsonaro foi um governo 
MILITAR. Um governo militar que chegou ao poder pelo voto.

A tragédia, a desumanidade, a ofensa, a humilhação, a incompetência e a destruição 
que vimos nos últimos anos são, por consequência,
 MILITARES, e que assim passem à história.
https://youtu.be/oO1u6AM6HC0

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